14.11.11

há uma palavra escrita em teu corpo

há certamente uma palavra escrita em teu corpo
escondida
talvez um nome uma falta
números? (o dia em que fostes mais feliz)
ou quem sabe palavra esquecida de língua morta, povo extinto
do qual és a última filha, metade sem par.

por isso tua doçura arrasta esses fins de tarde de julho
ou pelo menos isso me dizem teus olhos,
teus olhos.

há em ti, certamente, escrita em negro e à mão
– tua própria mão, mão de outrora,
há em ti uma palavra escondida.

descobri-la em ti
lê-la em voz alta
e saber que nela começa e termina teu espírito:
sim, é isto, senhora, o que eu mais desejo
agora
sobre esta mesa
onde estarei a noite inteira
dando de comer à tua ausência.